sexta-feira, 1 de junho de 2012

E VAMOS VIVENDO DE FRAUDES…



Posted by: Blog da Segurança Pública 

A grande e maravilhosa pesquisa de opinião, na qual as associações baseiam o tal projeto da NOVA POLÍCIA, e que segundo as associações é uma “pesquisa de opinião que investigasse, de forma ampla, a visão de seu cliente – a população.” não passa de uma fraude.
Isso mesmo, nobres leitores. Essa pesquisa é uma grande e patética FRAUDE, mentira, palhaçada, pantomima, enfim….
Explico o porque: em 1998 a PM contratou a UnB para efetuar tal pesquisa. Ótima e linda intenção. Pela primeira vez a polícia queria ouvir seu “cliente”.
Ocorre que nossos competentes administradores policiais da época não reservaram o dinheiro necessário para custear a pesquisa.
Resultado: definida a metodologia e elaboradas as perguntas pela UnB, a PM não tinha mais dinheiro para pagar os pesquisadores. Aqueles caras que vão de casa em casa fazendo as perguntas aos entrevistados. Ou seja, a pesquisa não sairia do papel.
Daí, o inteligentíssimo comandante da Academia da PM, sabendo que os cadetes estariam de folga no fim de semana subsequente, resolveu oferecer à UnB os seus mimos, os cadetes, para que eles aplicassem os questionários.
Falava da cienificidade do mundo moderno e da importância da pesquisa para o futuro da Corporação e mais um monte de baboseiras que entravam por um ouvido e saíam pelo outro nas formaturas-gerais de sexta-feira.
Obviamente os cadetes, cujas horas de folga eram coisa rara, ficaram indignados com a determinação de irem aos mais longínquos rincões do DF para aplicar a pesquisa.
Fomos então submetidos a uma reunião de mais ou menos 1 hora e meia, onde o respresentante da UnB nos transformou de cadetes em entrevistadores.
Cada um tinha que aplicar o questionário a dez pessoas em um único fim de semana. Cada questionário, que tinha mais de 100 perguntas, levava de 40 minutos a 1 hora e 20 min para ser aplicado, dependendo do entendimento da pessoa entrevistada.
Os cadetes deveriam ir à paisana, para não revelar ao entrevistado que eram policiais militares, pagando a condução do próprio bolso, inclusive os de outras PMs que faziam CFO em Brasília, que sequer conheciam a cidade.
Imaginem os cadetes com aquele cabelo de reco, cheios de trejeitos militares no andar, no falar e no portar-se, tentando enganar alguém.
Resultado geral, os questionários foram entregues no tempo determinado. Grande orgulho do comandante!
Até hoje, quase dez anos depois da pesquisa, ele ainda escreve e divulga artigos nela baseados.


O que ele não sabe (ou sabe e finge que não) é que pelo menos 70% da pesquisa foi respondida pelos próprios cadetes. Isso mesmo. Como não queriam abdicar de suas precisosas horas de folga junto à família, respondiam em casa mesmo. Uns davam para as namoradas, outros para os pais, outros para os irmãos e amigos.
De fato, pouquíssimos foram in locu aplicar os questionários.
A pesquisa revela muito mais as opiniões dos cadetes da época que as do “cliente”.
E como eu sei de tudo isso? Eu era um dos quase 100 entrevistadores-cadetes e, na segunda feira após esse fatídico fim de semana, as pesquisas de boca de urna realizadas nos alojamentos mostravam que muito menos da metade dos cadetes haviam ido aplicar os questionários pessoalmente.
E assim caminhava a PM, tratando com amadorismo seus servidores e fingindo fazer um trabalho sério. E a pesquisa está aí, até hoje produzindo seus frutos.


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