sábado, 17 de novembro de 2012

Presidiários têm chaves das celas em Pernambuco





Apontado como o pior presídio do Brasil após inspeção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2008, o Aníbal Bruno, em Recife (PE), transformou-se neste ano em um complexo de três unidades penais, com gestões próprias. Melhorias foram feitas, com investimentos de R$ 26 milhões. Mas problemas crônicos, como a superlotação e a existência de presos que possuem as chaves das celas nos pavilhões ou controlam cantinas dentro do próprio presídio, ainda persistem. "Isso é lamentável", disse o juiz aposentado da 1ª Vara de Execuções Penais de Pernambuco Adeildo Nunes, um dos integrantes da comissão que inspecionou o Aníbal Bruno quatro anos atrás. "É um drama saber que um preso tido como 'de confiança' atua como intermediário entre os detentos e a direção de um presídio", afirmou ele. Os "chaveiros", como são chamados esses internos, surgiram no sistema penitenciário estadual há cerca de 30 anos para suprir a falta de agentes penitenciários. Porém, com o tempo, eles também passaram a controlar informalmente a disciplina nas unidades, disse a integrante do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões e do Movimento Nacional dos Direitos Humanos em Pernambuco, Wilma Melo. No Aníbal Bruno, o problema foi ainda maior. Segundo ela, os chaveiros passaram a ter ajudantes e a cobrar dos presidiários pagamentos semanais para a compra de produtos de uso coletivo, como materiais de limpeza. Os detentos também instalaram cantinas para vender alimentos e até refrigerantes. Segundo o juiz, há dez anos existiam cerca de 150 pontos de venda no Aníbal Bruno. O secretário de Ressocialização do Estado, coronel Romero Ribeiro, disse que os investimentos feitos no presídio "praticamente" extinguiram esses problemas. "Quando começamos o expediente nas três unidades, não havia nenhum agente na guarda interna. Hoje estamos com 300 agentes", afirmou. Segundo ele, cerca de 200 presos que se intitulavam "chaveiros" foram transferidos ou estão em processo de transferência. "É um problema praticamente resolvido." Ainda de acordo com o secretário, 35 cantinas controladas pelos presos ainda funcionavam no final do ano passado. "Estamos fazendo licitação para ter só quatro, gerenciadas pelo Estado." O complexo erguido a partir da estrutura do presídio Aníbal Bruno continua com os mesmos 5.234 presos para apenas 1.448 vagas. Há previsão de abertura de mais 500 vagas até o próximo ano. 

DE RECIFE

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