segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A renda aumenta, mas o setor público não acompanha


nov 5, 2012 by Pierre Lucena    5 Comentários    Postado em: Economia
servicos
Desde 2000 a renda e o crédito vêm crescendo fortemente no Brasil. Para termos uma idéia, o nível do crédito na economia hoje é de aproximadamente 50% do PIB, exatamente o dobro de 2001.
Esse aumento se deve principalmente a três fatores: diminuição da taxa de juros, crédito consignado e financiamento imobiliário.
Como se sabe, o crédito consignado foi implantado pelo Governo Lula, e financiamento para compra da casa própria era algo que basicamente não existia, e agora qualquer um pode ter acesso, inclusive a taxas muito mais baixas que as aplicadas na década retrasada.
Além deste aumento de crédito, o aumento da renda de parte significativa da população também ajudou na melhoria de vários indicadores.
Mas quando vasculhamos dados do IBGE e dados divulgados na imprensa, percebemos a baixa eficiência que é o serviço público brasileiro.
Pelo menos do ponto de vista teórico, o mercado se equilibra e consegue fornecer produtos, bastando ter disponibilidade de renda. Quanto mais eficiente for um mercado, mais rápido ele responde a esta demanda a partir do momento do aumento de renda. Quando o aumento de renda é abrupto, aumento de preços são esperados em um primeiro momento até se equilibrar novamente.
Por isso, mercados menos eficientes como o imobiliário demoram a responder, já que uma unidade habitacional demora anos para ser produzida.
Quando observamos os dados do IBGE (formatados pelo Valor) o problema começa a ser evidenciado.
Esgoto-sem-tratamento-no-litoral
De 2001 a 2011, tudo aquilo que dependeu do setor privado respondeu com uma eficiência bem maior.
Já aquilo que dependeu do setor público…
Para termos uma ideia  máquina de lavar era privilégio de 33,6% da população em 2001. Agora 51,6% das casas já possuem. Geladeira já é item que conta em 96,3% das residências, e TV em 97,2%.
Quando falamos em rede pública de esgoto, o aumento de 2001 para 2011 foi de 45,4% para 55,8%. Neste ritmo ainda vamos demorar umas 4 décadas para universalizar o serviço, pelo menos nas grandes cidades.
E estes dados de esgoto não incluem o tratamento, que hoje estima-se em menos de 10%. Isto seria apenas a coleta.
É certo também que estes serviços ligados ao setor público são muito mais difíceis de responder, já que envolvem grandes obras. Mas mesmo assim o progresso tem sido muito lento.
A única exceção é a iluminação elétrica, que neste caso possui um programa público de formatação bem-sucedida, em parceria com o setor privado.
Aqui em Pernambuco a grande experiência nessa área será a PPP da Compesa.
Infelizmente o assunto foi completamente deturpado na eleição, reduzindo o debate a um aumento da conta de água e esgoto.
E o paradoxo principal disso é que o aumento de renda acabou tornando a vida nas cidades ainda mais insuportável, pois os governos locais não conseguem responder ao aumento de demanda de serviços de forma razoável.

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