POSTADO ÀS 12:33 EM 12 DE OUTUBRO DE 2012
Por Débora Duque
No Jornal do Commercio desta sexta-eira
Oficialmente, o voto distrital não faz parte do sistema político brasileiro. Mas, ao se fazer uma radiografia do voto para a Câmara do Recife, percebe-se que muitos dos vereadores eleitos dominam eleitoralmente determinados territórios da cidade. Algumas áreas com fronteiras bem delimitadas em plena capital foram preponderantes na vitória de alguns candidatos, funcionando como verdadeiros feudos políticos.
Há vereadores que chegaram a obter 90% de sua votação total num único bairro ou zona eleitoral. Neste ano, o caso de três novatos chama a atenção. O primeiro deles é o de Eduardo Chera (PTN) que, apesar de ter conquistado a 39ª e última vaga, foi o campeão de votos da 1ª zona, que engloba os bairros de Brasília Teimosa e Pina. Lá ele obteve 3.155 dos 4.205 votos totais que recebeu. Aos 44 anos, Chera é soldado da Polícia Militar e acabou de disputar sua terceira eleição. Pela ligação com o bairro, se considera um “prata da casa” de Brasília Teimosa, mas afirma que não restringirá as ações do seu mandato apenas à comunidade onde cresceu. “Sou responsável pela cidade do Recife. Preciso alargar meus conhecimentos sobre as outras comunidades”, reconhece.
Toda área que envolve o bairro da Várzea, Curado, Dois Irmãos e Guabiraba concedeu ao servidor público Davi Muniz (PHS) 3.371 votos do total de 4.739 que lhe permitiram conquistar seu primeiro mandato como vereador. Outro estreante, Aderaldo Pinto (PDT) também chega à Câmara sob um forte "empurrão" de uma área específica da cidade. Quase a metade de sua votação total - 5.203 votos - foi adquirida na 7ª Zona Eleitoral (Madalena, Torre, Iputinga), onde teve nada menos que 2.208 votos.
Os exemplos clássicos da votação concentrada, no entanto, continuam. Rumo ao sexto mandato, o vereador Antônio Luiz Netto (PTB) mantém-se absoluto no domínio da 9ª zona, onde estão os bairros do Arruda e Água Fria. Só ali, o candidato foi escolhido por 5.265 eleitores. Seu "reinado" sobre esses arredores não se deve apenas ao fato de ser, hoje, o presidente do Santa Cruz Futebol Clube. Herdou o "trono" político do pai, Antônio Luiz Filho, que também foi vereador e deputado estadual. No total, o petebista obteve 13.836 votos e conquistou o posto de terceiro candidato mais bem votado.
Dois casos célebres desde a eleição passada (2008) são os de Maguari e Estéfano Menudo, ambos do PSB. O primeiro tornou-se uma liderança política do bairro de Jardim São Paulo, o que lhe permitiu alcançar um desempenho eleitoral expressivo na 3ª zona, onde foi contemplado com 6.053 votos. A área respondeu por 60% de sua votação global (10.086). A situação de Menudo é parecida. Na 150ª zona, que envolve os bairros de Engenho do Meio, Cordeiro, Mustardinha, o vereador e agente da Polícia Civil obteve 5.680 votos, a maior votação obtida numa única Zona Eleitoral. Seu saldo final, porém, foi mais que o dobro desse quantitativo: 12.012 votos.
Um terço da votação conquistada por Almir Fernando (PCdoB) veio da 151ª zona, que envolve a área de Dois Unidos e do Alto José Bonifácio. A população do local lhe agraciou com 3.254 votos dos 8.500 que recebeu.
Bairros populosos e tradicionalmente muito disputados, a exemplo de Casa Amarela e Santo Amaro, seguem sob a representação das mesmas lideranças em relação a 2008. A única novidade foi o desempenho do neófito Felipe Francismar (PSB), filho do deputado estadual Francismar Pontes (PSB), em Casa Amarela. Foi o segundo mais votado da 6ª zona, onde recebeu 2.533 votos, perdendo apenas para o veterano Vicente André Gomes (PSB). Santo Amaro continua a pesar favoravelmente para a eleição de seus três afilhados: Marco di Bria (PTdoB), Luiz Eustáquio (PT) e Osmar Ricardo (PT). Bria é o que mantém o maior nível de dependência em relação ao eleitorado do bairro. Dos 5.350 votos que conquistou, quase três mil vieram de lá.
Entre os diversos casos de domínios territoriais, mais uma curiosidade: o maior quantitativo de votos obtidos pela maioria dos candidatos evangélicos foi oriundo da 148ª zona, que reúne os bairros do Ibura e Jordão. Foi lá onde o campeão de votos, André Ferreira (PMDB) conquistou seu melhor desempenho (3.009 votos dos 15.776 totais), assim como Carlos Gueiros (PTB), Michelle Collins (PP), Irmã Aimé (PSB) e Alfredo Santana (PRB).
No Jornal do Commercio desta sexta-eira
Oficialmente, o voto distrital não faz parte do sistema político brasileiro. Mas, ao se fazer uma radiografia do voto para a Câmara do Recife, percebe-se que muitos dos vereadores eleitos dominam eleitoralmente determinados territórios da cidade. Algumas áreas com fronteiras bem delimitadas em plena capital foram preponderantes na vitória de alguns candidatos, funcionando como verdadeiros feudos políticos.
Há vereadores que chegaram a obter 90% de sua votação total num único bairro ou zona eleitoral. Neste ano, o caso de três novatos chama a atenção. O primeiro deles é o de Eduardo Chera (PTN) que, apesar de ter conquistado a 39ª e última vaga, foi o campeão de votos da 1ª zona, que engloba os bairros de Brasília Teimosa e Pina. Lá ele obteve 3.155 dos 4.205 votos totais que recebeu. Aos 44 anos, Chera é soldado da Polícia Militar e acabou de disputar sua terceira eleição. Pela ligação com o bairro, se considera um “prata da casa” de Brasília Teimosa, mas afirma que não restringirá as ações do seu mandato apenas à comunidade onde cresceu. “Sou responsável pela cidade do Recife. Preciso alargar meus conhecimentos sobre as outras comunidades”, reconhece.
Toda área que envolve o bairro da Várzea, Curado, Dois Irmãos e Guabiraba concedeu ao servidor público Davi Muniz (PHS) 3.371 votos do total de 4.739 que lhe permitiram conquistar seu primeiro mandato como vereador. Outro estreante, Aderaldo Pinto (PDT) também chega à Câmara sob um forte "empurrão" de uma área específica da cidade. Quase a metade de sua votação total - 5.203 votos - foi adquirida na 7ª Zona Eleitoral (Madalena, Torre, Iputinga), onde teve nada menos que 2.208 votos.
Os exemplos clássicos da votação concentrada, no entanto, continuam. Rumo ao sexto mandato, o vereador Antônio Luiz Netto (PTB) mantém-se absoluto no domínio da 9ª zona, onde estão os bairros do Arruda e Água Fria. Só ali, o candidato foi escolhido por 5.265 eleitores. Seu "reinado" sobre esses arredores não se deve apenas ao fato de ser, hoje, o presidente do Santa Cruz Futebol Clube. Herdou o "trono" político do pai, Antônio Luiz Filho, que também foi vereador e deputado estadual. No total, o petebista obteve 13.836 votos e conquistou o posto de terceiro candidato mais bem votado.
Dois casos célebres desde a eleição passada (2008) são os de Maguari e Estéfano Menudo, ambos do PSB. O primeiro tornou-se uma liderança política do bairro de Jardim São Paulo, o que lhe permitiu alcançar um desempenho eleitoral expressivo na 3ª zona, onde foi contemplado com 6.053 votos. A área respondeu por 60% de sua votação global (10.086). A situação de Menudo é parecida. Na 150ª zona, que envolve os bairros de Engenho do Meio, Cordeiro, Mustardinha, o vereador e agente da Polícia Civil obteve 5.680 votos, a maior votação obtida numa única Zona Eleitoral. Seu saldo final, porém, foi mais que o dobro desse quantitativo: 12.012 votos.
Um terço da votação conquistada por Almir Fernando (PCdoB) veio da 151ª zona, que envolve a área de Dois Unidos e do Alto José Bonifácio. A população do local lhe agraciou com 3.254 votos dos 8.500 que recebeu.
Bairros populosos e tradicionalmente muito disputados, a exemplo de Casa Amarela e Santo Amaro, seguem sob a representação das mesmas lideranças em relação a 2008. A única novidade foi o desempenho do neófito Felipe Francismar (PSB), filho do deputado estadual Francismar Pontes (PSB), em Casa Amarela. Foi o segundo mais votado da 6ª zona, onde recebeu 2.533 votos, perdendo apenas para o veterano Vicente André Gomes (PSB). Santo Amaro continua a pesar favoravelmente para a eleição de seus três afilhados: Marco di Bria (PTdoB), Luiz Eustáquio (PT) e Osmar Ricardo (PT). Bria é o que mantém o maior nível de dependência em relação ao eleitorado do bairro. Dos 5.350 votos que conquistou, quase três mil vieram de lá.
Entre os diversos casos de domínios territoriais, mais uma curiosidade: o maior quantitativo de votos obtidos pela maioria dos candidatos evangélicos foi oriundo da 148ª zona, que reúne os bairros do Ibura e Jordão. Foi lá onde o campeão de votos, André Ferreira (PMDB) conquistou seu melhor desempenho (3.009 votos dos 15.776 totais), assim como Carlos Gueiros (PTB), Michelle Collins (PP), Irmã Aimé (PSB) e Alfredo Santana (PRB).
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