segunda-feira, 27 de junho de 2011

OPINIÃO - TRANSPORTE PÚBLICO: A VOLTA DE UMA VELHA CENA

Tenho observado desde o ano passado uma velha cena voltar com força às ruas do Recife: ônibus quebrado.
Na Avenida Norte, uma das principais do Recife, por exemplo, onde tenho circulado com mais frequência, os ônibus das Empresas Globo e Pedrosa são os campeões. Quase todo o dia tem um ônibus dessas empresas atrapalhando a vida de todos:  passageiros (que vão descer de um ônibus lotado e superlotar outro), dos profissionais rodoviários (largam mais tarde de um trabalho que já tem horário escravizador) e dos outros motoristas e passageiros de outros ônibus (que vão enfrentar um engarrafamento muito maior), só para citar alguns prejudicados.
Essa cena era comum  na década de 80, por isso, visando melhorar e baratear o serviço de transporte, o sistema foi organizado pelo governo estadual através da antiga EMTU e hoje Grande Recife.  E realmente, comparado à década de 80, houve uma melhora. Mas ainda longe de ser um transporte público que atenda com eficiência ao cidadão. Não digo nem ideal, mas eficiente.
E essa acentuada melhora ocorreu quando tinha concorrência, a do transporte alternativo, os kombeiros. Acho  mesmo que  àquele transporte de terra sem Leia tinha que ter acabado, mas eles tiveram o mérito de forçar, indiretamente, as empresas a colocar ônibus novos com TV, ar-condicionado, som e bancos com acolchoados, para servir com qualidade aos usuários.
Mas, cadê esses ônibus agora?  Além de não ter conforto, os ônibus ainda vivem quebrando, fato fácil de se ver nas ruas da cidade. Assim é demais!
Na época que O Ex-Prefeito João Paulo acabou com o transporte alternativo,  muitos, como eu, diziam que ele era um político de coragem e o apoiaram.
Hoje me sinto como àquele antigo personagem de Jô Soares, que apertava os dedos com um alicate quando descobria que foi enganado, arrependido, dizendo: "Eu acreditei!!!".
Continuo achando que João Paulo fez certo ao acabar com o transporte alternativo, mas hoje não acredito que fez para atender a população e sim que fez para atender aos interesses dos donos de empresa, que estavam tendo prejuízo.
Se fosse para atender aos usuários ele teria se empenhado (e não só discursado) para materializar outras  medidas importantes para a melhoria do transporte público e do trânsito: concorrência pública para concessão de licença de exploração de linha de ônibus e o transporte de passageiros pelo Rio Capibaribe, que corta muitos bairros da cidade.

  
                                                                                                                Mauricio Gomes

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