quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Que política é essa?

O tempo passa, o tempo voa, ao vento alegre do poder. E hoje, uma estrangulada corrida eleitoral nada efervescente à Presidência da República vem a realçar o quanto o nosso País está carente de nomes robustos de credibilidade administrativa e em alguns casos até moral para dirigi-lo.

Ah, Brasil, que um dia foi interrogado que país era ele! – uma menção feita e que se tornou famosa pelo então deputado Francelino Pereira, sem antes engolirmos goela abaixo a frase de De Gaulle, de que não éramos um país sério. Ah, 7 de setembro!

É preciso que os políticos ainda direitos da nossa nação repensem ao máximo esgotamento o comportamento dos que militam nesta difícil e bela arte. E, acima de tudo, de como se fazer política benéfica e missionária, com idéias e ideologias pertinentes e seguras.

Até quase fins do século 19, quando o País ainda sobrevivia aos encantos da realeza, éramos fortes e respeitados entre os “primeiros-mundistas”. Somente Pernambuco pagava quase a metade das nossas dívidas internas e abocanhava, junto com São Paulo, as maiores trocas no comércio da importação e exportação. Comíamos, bebíamos e vestíamos do que havia de melhor das finas hostes européias.

Aí veio a República. Cresceram os interesses políticos. Assobiavam anarquias. Bilac fazia versos nem tanto satânicos. Nabuco despontava, com sua palavra de ordem nas tribunas oficiais e populares contra a escravidão, ecoando seu grito até nos escanchados grotões do Araripe de Bárbara de Alencar (primeira mulher brasileira a se aninhar contra o sofrimento dos negros). Benjamim Constant endossava o coro libertário. Nosso último imperador se mandava para Portugal, abarrotado de sentimentos nas caçapas do colete, após os militares tomarem o poder político, com Deodoro traindo a Corte e sendo depois deposto pelo vice Floriano. Uma zorra parcial, pois, ao romper de 1900, a cultura brasileira abria o maior dos sorrisos nervosos de alegria com o hoje imortalizado Machado de Assis contando e editando Dom Casmurro. Abriam-se portas para um povo festeiro e trabalhador.

Só que a tal República cantada, no compasso de uma liberdade de aparência democrata, esbugalhava os olhos da ganância pessoal dos políticos e latifundiários que, num extravagante desejo de enganarem o povo (como nunca deixou de ser), desenvolviam a “cultura” da corrupção intrapoderes comerciais e eleitorais num tamanho raio de ação, ensejando todos os seus áulicos a levarem vantagem em tudo. Aí caímos do pedestal para um conciliador “segundo-mundismo”, com todo direito à liquidação extrajudicial, numa promoção de remexer a “mundiçagem” partidária. Em toda esquina se instalava um partido político – daí inventando-se o “troca-troca”.

Pois muito que bem! Os liberais tucanos do professor Cardoso, vaidosos que só, achavam-se imbatíveis com Serra e seus aliancistas, em vez de partirem para uma nova forma de se fazer política, novos horizontes de boas idéias. Embora o mais preparado dos três principais candidatos, o Oião é pesado desde a empáfia que carrega quando presidente da UNE em 1963. Por que a guerrilheira disparou nas pesquisas? Primeiro e principalmente pelo padrinho Lula, depois pela falta de oposição competente, por fim está segurada pela malandragem dos petistas (eles são capazes de tudo pelo poder, acreditem) – vejam a safadeza na Receita Federal, isso sem falar nas mentiras vermelhas que coram até os terroristas encarnados. E o povo, alesado, vai com a maria dos outros.

Alvin Toffler disse que o fato novo não só é necessário à mudança de vida de um país – é a própria vida. O fato novo político para o povo brasileiro, hoje, não é mais o bonitão que insta gritinhos das moiçolas e arrepia os moços com suas peripécias esportivas vigorosas. É o fato consumado – ter um candidato incólume a denúncias quaisquer, com uma vida pública que honre o país e que tenha o respeito de todos os segmentos da sociedade, como um Marco Maciel, por exemplo, agora candidato ao senado por Pernambuco, melhor quadro na nossa pauta local e atualmente à mercê de insignificantes e bestiais ataques até de Lula. Isso, meu caro Gustavo Krause, que quis me referir no artigo passado aludindo o comentário muito honroso de sua parte quanto ao atual desânimo político do eleitor. Isso do Lula é fazer política. Política é feita com ética. O que vemos é uma nudez de objetivos.

PS – E o Tempo Passou, meu prezado Gentil Porto. O bom tempo do nosso tempo, que para mim voou. Para o amigo, estagnou na jovialidade de suas palavras nesse belo livro de lembranças.

Rivaldo Paiva é escritor – E-mail: paiva.rivaldo@hotmail.com


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