sábado, 16 de janeiro de 2010

Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Verdade, justiça e reparação. Entrevista especial com Jair Krischke

Com a polêmica levantada pelo decreto de criação da terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que propõe a criação de uma comissão especial para revogar a Lei de Anistia de 1979, abrem-se as feridas do passado, mas que ainda não estão curadas.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a colocar seu cargo à disposição, o que levou três comandantes das Forças Armadas a decidir que também deixariam seus cargos, caso a saída de Jobim fosse consumada. Além disso, o plano também recebeu críticas do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) sobre as questões agrícolas e de reintegração de posse de terras invadidas.
Mas essas críticas, segundo o historiador Jair Krischke, coordenador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, são “uma grande pantomima”. “Está tudo muito bem encenado – continua –, não é sério”. Para Krischke, tudo isso é “uma fantasia” para que o presidente Lula, no final do seu governo, possa se lavar as mãos. “Mas ele não fez nada”, resume o historiador, não economizando fortes críticas às Forças Armadas e à covardia dos militares diante da verdade.
A saída, afirma Krischke, é criar uma Comissão de Verdade, cuja proposta, “que é comum ao mundo todo, é verdade, justiça e reparação”. “Ela apenas vai investigar, não vai julgar nem execrar ninguém. Ela vai encaminhar para a Justiça o que tiver para ser encaminhado”.
Jair Krischke, formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é ativista dos direitos humanos no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai. Em 1979, fundou o Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, a principal organização não-governamental ligada aos Direitos Humanos da Região Sul do Brasil. Também é o fundador do Comitê de Solidariedade com o Povo Chileno.

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