sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Mestre da escola da vida nunca desistia da vida nem das pessoas



Por: Augusto Cury
     Cristo teve nascimento indigno e uma história de turbulência e aflições. Nasceu entre os animais. No aconchego de um estábulo, Ele derramou suas primeiras lagrimas. O ar saturado do odor azedo de estrume fermentado ventilou pela primeira vez em seus pulmões pequenos. Provavelmente, até as crianças mais pobres tem um nascimento mais digno do que Ele teve.
     Quando tinha dois anos, deveria estar brincando, mas já atravessava grandes sofrimentos. Era perseguido de morte por Herodes. Tinha uma inteligência incomum para um adolescente e foi admirado aos doze anos por intelectuais da época. Todavia, tornou-se um carpinteiro. As mãos grossas e o rosto castigado pelo sol escondiam a mais elevada sabedoria que alguém já teve. Discurso sobre o amor, a tolerância e o respeito humano como nenhum pensador. Embora acolhesse as pessoas mais desprezadas da sociedade e seus discursos exalassem aromas de paz, Ele foi mais discriminado e incompreendido dos homens.
       Tinha, portanto, todos os motivos para ser uma pessoa tensa, ansiosa, irritada e infeliz, mas, para nosso espanto, era uma pessoa alegre e tranqüila. Apresentou-se como uma fonte de prazer, uma fonte de água viva que matava a sede da alma humana. Quem, no deserto mais escaldante, conseguiu como Ele, fazer de uma vida um oásis inegociável que saciava a sede dos sedentos?
        Por incrível que pareça, Ele fazia poesia até mesmo de Sua miséria. Muitos têm bons motivos para ser alegres, mas estão sempre insatisfeitos. São incapazes de valorizar o que têm, valorizam apenas o que não têm. Tornam-se especialistas em acusar os outros pelos seus conflitos e detestam a vida que possuem.
         Jesus, ao contrario, tinha muito pouco exteriormente, mas fazia muito pouco. Nele não havia sombra de insatisfação. Reclamação não fazia parte do dicionário de sua vida. Nunca acusava ninguém por suas misérias. Era forte para enfrentar Seus desafios sem precisar ferir nem agredir ninguém.
    Os homens podiam desistir Dele, mas Ele nunca desistia de ninguém. Tinha consciência de que O feriram sem piedade, mas Ele não se suicidaria. Havia predito que O humilhariam, cuspir-lhe-iam no rosto e torná-lo-iam um show público de vergonha e dor, mas Ele permaneceria de pé, firme, fitando os olhos dos seus acusadores e suportando com dignidade a sua dor.
       A única maneira de cortá-la da terra dos viventes era matá-lo, extrair-lhe cada gota de sangue. Ele demonstrou que, mesmo diante do caos, vale a pena viver a vida. Jesus Cristo foi o Mestre da sensibilidade.
    A história do Mestre da Galiléia deve ensinar-nos importantes lições de vida. Podemos chorar e nos angustiar pelas nossas dificuldades e conflitos, mas nunca devemos desistir de nós mesmos. Podemos nos abater, mas nunca desanimar. Devemos amar a perseverança como quem ama o melhor amigo.
      A capacidade de recomeçar tudo, quantas vezes forem necessárias, faz dos fracos, fortes. A firme convicção de continuar sempre lutando, ainda que com algumas derrotas, alimenta o sonho da vitória. Estar inconformado com nossas doenças e com nossas misérias é o primeiro passo para sermos saudáveis. Enfrenta nossa passividade e sentimento de incapacidade abre as portas da liberdade.
       O pior inverno pode anunciar a mais bela primavera. Sábio é aquela pessoa que consegue ver aquilo ver aquilo que as imagens não revelam. É a pessoa que, ao ver cair a última folha de inverno, é capaz de erguer os olhos e enxergar as flores da primavera que ainda não brotaram.
       O Mestre era o único na Sua época que conseguia ver o que ninguém via. À sua frente, só havia pedras e areia, mas Ele conseguia erguer os olhos e ver os campos branquejando, embora estivesse apenas lançando as primeiras sementes na terra.
       Ele causou a maior revolução da história, sem desembainhar uma espada, sem usar qualquer violência. Não precisamos revolucionar o mundo, mas devemos revolucionar as nossas vidas, o nosso espírito, a nossa capacidade de pensar e de ver a vida. Se assim o fizermos, certamente estaremos plantando um jardim onde antes só havia pedras e areia.
Postado  por  Augusto César Figueiredo Soares  da 3ª DPA/DHTP

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