quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ENTREVISTA ESPECIAL COM MANOEL CARNEIRO - PRESIDENTE DO IRH

Valorização dos servidores
Glynner Brandão

Em janeiro, os servidores públicos do estado lotados no interior não precisarão mais se deslocar para o Recife para se submeter a uma perícia médica, exigida para os casos de tratamento e de licença maternidade. Os procedimentos serão feitos na cidade onde o funcionário está lotado ou no município mais próximo. Hoje, elas acontecem na sede do Instituto de Recursos Humanos (IRH). Pernambuco conta com 119 mil servidores. Do total, 42% estão no Grande Recife e os demais nas cidades do interior. Ao todo, são realizadas 1,6 mil perícias todos os meses. "Levando em consideração que uma pessoa doente precisa se deslocar para o Recife, teremos um ganho social muito grande com a descentralização", acrescenta o presidente do IRH, Manoel Carneiro. O Hospital dos Servidores, em obras, deve ficar de cara nova até fevereiro. A enfermaria, o ambulatório e a emergência passam por reformas. Na entrevista, Manoel Carneiro fala, ainda, sobre controle orçamentário, treinamento de funcionários e analisa crescimento do número de servidores, resultado, segundo ele, do desenvolvimento vivido, atualmente, 
em Pernambuco.

"Queremos oferecer serviço de qualidade"

Apesar dos avanços, ainda convivemos com o estereótipo do funcionalismo público preguiçoso. Como o senhor avalia essa questão?

Acho que há uma consciência dos pernambucanos, especialmente do servidor público, do momento que o estado vive sob a liderança do governador Eduardo Campos. É um momento em que não só os indicadores econômicos e sociais estão em destaque, mas também a valorização do servidor. Buscamos sempre a identificação entre o que o servidor realiza e uma recompensa, um reconhecimento da instituição. Pernambuco vem se notabilizando exatamente por isso, por acreditar na capacidade do servidor público de prestar um serviço de qualidade. Com essa demonstração de interesse, de identificação com aquilo que faz, o funcionário tem a capacidade de reivindicar melhores condições de  trabalho. 

Hospital dos Servidores do Estado passa por reforma para atender melhor usuários
Como é feito o controle orçamentário?

Com relação ao IRH, ainda no período do secretário Ricardo Dantas, ele conseguiu uma suplementação orçamentária da ordem de R$ 33 milhões, exatamente para estabelecer uma normatização com relação aos gastos do instituto. Dentro dessa expectativa, também estamos promovendo ações no sentido de resgatar os créditos do IRH. Com relação à Assembleia Legislativa de Pernambuco, por exemplo, tínhamos um passivo de R$ 2,3 milhões e fizemos contato com o presidente Guilherme Uchoa e com o primeiro secretário da Assembleia, o deputado João Coutinho, e estamos resgatando créditos para promover melhorias. Além disso, uma das receitas do órgão é o aluguel de imóveis, que estão centralizados, na sua maior parte, no Recife. Nós fizemos uma nova identificação e estamos promovendo, também, uma avaliação para efeito de pagamento. Estamos convidando todos os proprietários para fazer a atualização desses aluguéis, com o objetivo de criar receita para o Instituto de Recursos Humanos, conforme prevê a legislação atual.

Hoje, o estado conta com 119 mil servidores. O sistema não está inchado?

Acho que esse número está dentro do necessário. Em 2008, por exemplo, ingressaram 2.222 policiais civis na instituição. Mas ingressaram porque havia um vácuo grande nos quadros, devido às aposentadorias, às aprovações nos novos concursos. Verificamos a realização de diversas seleções nos variados níveis de governo (municipal, federal, estadual, judiciário) nos últimos anos. Estamos tendo uma concorrência muito forte da iniciativa privada, com a expansão do estado nas áreas de indústria e serviço. A iniciativa privada é uma grande competidora, pois sempre remunera melhor. É o caso dos engenheiros. Tínhamos vários policiais que eram engenheiros e foram atraídos pela iniciativa privada, em razão do boom de desenvolvimento que o estado vive. Antes do governo Eduardo Campos, passou-se muito tempo sem a realização de concursos públicos. Foi constatado, através de um diagnóstico, atendendo a critérios técnicos, a necessidade de reposição do efetivo. O crescimento do número de servidores está se alinhando ao desenvolvimento atual.

Qual o impacto das obras no Hospital dos Servidores de Pernambuco?

Definimos algumas metas prioritárias, como a recuperação da estrutura do Hospital dos Servidores de Pernambuco. As obras estão em andamento e envolvem os setores de emergência, enfermaria e ambulatório. Também aumentamos a capacidade de realização de exames. Isso proporciona uma economia muito grande, porque diminui a demanda gerada nos laboratórios particulares. Além disso, retomamos o tratamento dos pacientes acometidos por câncer, instituímos a política de contratação por pacotes e implantamos a classificação de risco no atendimento emergencial, orientado pelo Ministério da Saúde, já usado nas UPAs. Com essa reforma, pretendemos dar mais conforto àqueles que, diariamente, procuram o serviço e estabelecer os atendimentos em determinadas áreas médicas.

Qual será o efeito prático da descentralização das perícias médicas?

Atualmente, todas as perícias médicas estão centralizadas na sede do Instituto de Recursos Humanos, no Recife. O IRH constatou que 58% dos servidores públicos estaduais estão lotados no interior do estado, ou seja, da Zona da Mata ao Sertão. Em razão disso, e também em virtude da demanda - são cerca de 1,6 mil perícias por mês - foi lançado um edital em setembro para o credenciamento de médicos no interior. A partir da adesão, pretendemos dar mais conforto aos servidores, evitando que eles venham para o Recife para requerer licenças médicas pessoais, para a família e de maternidade. Levando em consideração que uma pessoa doente necessita se deslocar para o Recife hoje, teremos um ganho social grande, principalmente aquele relativo ao conforto. É uma forma de valorização do servidor. A viagem é uma dificuldade a mais, um ingrediente que afeta a melhora.

As perícias passarão a contar com um novo sistema de bases de dados?

A partir de janeiro vamos disponibilizar um 0800 para que o servidor entre em contato e marque a sua consulta. Ele ganhará uma senha e poderá procurar o serviço médico mais próximo da sua residência. Com isso, será criado um banco de dados que possibilitará um maior controle sobre o servidor com relação à saúde. Hoje, o sistema funciona de forma precária. Precisamos agilizar, melhorar e modernizar os trabalhos que vêm sendo feitos. Na prática, será um grande ganho.

O IRH foi criado em 2000 para substituir o Instituto da Previdência dos Servidores de Pernambuco. Qual o ganho mais significativo desta mudança?

Só posso falar sobre o momento atual. Queremos oferecer um serviço médico de qualidade e com agilidade aos usuários para justificar a existência do sistema como forma de assistência médica. Temos certeza de que, num tempo médio, a qualidade das ações oferecidas vai ser bem melhor e com a avaliação bem mais positiva. Já na parte de formação, nós temos uma programação anual de cursos e estamos investindo cada vez mais para que o servidor participe desses eventos no sentido de aprimorar o serviço. Este ano, já oferecemos 194 cursos. Ao todo, 2.822 servidores já foram capacitados. Existe uma procura muito grande nas áreas de informática e elaboração de termos de referência. A gente nota que o servidor busca a capacitação na área mais técnica no sentido de melhorar o que, funcionalmente, pratica no dia a dia. Hoje, a procura é maior do que a capacidade de realização. Mas a demanda não é mais gerada pelos superiores, mas sim pelo próprio funcionário.

Saiba mais

Manoel Carneiro, 58 anos, ingressou na Polícia Civil como escrivão em 1978

Em 1983, foi nomeado delegado, atuando nas delegacias de Ipojuca,
Macaparana, Alto do Pascoal e Boa Vista

Em 1991, exerceu os cargos de secretário adjunto e diretor de Pessoal e de
Correição da extinta Secretaria de Segurança Pública

Quatro anos depois foi nomeado para o cargo de diretor da Polícia Civil e, em seguida, designado para a direção do Instituto de Identificação Tavares Buril.

Em 1999, voltou a ocupar a função de secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública
Com a criação da Secretaria de Defesa Social, foi nomeado chefe da Polícia Civil

Em 2004, assumiu a Gerência de Recursos Humanos da Polícia Civil

É diretor presidente do Instituto de Recursos Humanos (IRH) desde 9 de julho

É formado em direito pela Faculdade de Direito de Olinda e tem pós-graduação (lato sensu) em gestão ambiental


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