DELEGADO
ARCHIMEDES CONTRA O MATA SETE (Crônica)
Por:
Rangel Alves da Costa*
Dr.
Archimedes Marqus
DELEGADO
ARCHIMEDES CONTRA O MATA SETE
Lançamento
do livro “Lampião Contra o Mata Sete”, do delegado Archimedes
Marques, na capital sergipana.
Evento
bastante esperado, acabou confirmando as melhores expectativas pelo
grande número de afeiçoados pelas coisas nordestinas, as lides
cangaceiras de outros tempos, que ali compareceram para prestigiar o
autor. E também saborear comidas típicas do ciclo junino.
Voltei
com o belo exemplar debaixo do braço e muito agradecido pelo que
pude presenciar. Numa roda à parte dos convidados estava a nata
pesquisadora, entusiasta e escritora sobre a saga do cangaço.
Pessoas que acompanham eventos cangacistas onde eles ocorram.
Mesmo
adoentado, Alcino Alves Costa, escritor sertanejo de renome nacional,
proseava com o também escritor João de Sousa Lima, um pauloafonsino
que leva a vida nos passos de Maria Bonita e do Capitão. E para
surpresa maior ali também estava o verdadeiro mecenas da literatura
nordestina, o Francisco Pereira Lima, mais conhecido como Prof.
Pereira.
Aliás,
diz o cartão de visitas do Prof. Pereira que o mesmo é especialista
em livros do cangaço, movimentos messiânicos, coronelismo e temas
afins. Mas é muito mais, pois responsável pela publicação e
reedição de importantes obras sobre tais temas, e que somente
através dele puderam chegar ao conhecimento dos pesquisadores e
novos leitores.
Pois
bem, enquanto Alcino, João de Sousa Lima e Prof. Pereira proseavam
sobre as trilhas lampeônicas e outras trilhas da história, o
delegado e escritor Archimedes Marques autografava livros mais
adiante. Aproximei-me com exemplar à mão e logo o mesmo repetia
sobre o meu nome também estar constando nas referências
bibliográficas, através de artigos e crônicas que subsidiaram a
obra.
Contudo,
a par da gratidão pelo reconhecimento, o que ouvi ao pé do ouvido
só vinha confirmar algo que eu já havia pensado desde o dia que o
pesquisador falou-me sobre o lançamento do livro. E confessou-me
Archimedes que chegou ao local temendo que um oficial de justiça
aparecesse a qualquer instante com uma ordem judicial suspendendo o
lançamento da obra.
Tinha
fundamento a preocupação do escritor, pois o seu livro é
praticamente uma contestação, um contraponto a outro livro proibido
pela justiça de ser lançado em Sergipe. De autoria do advogado e
juiz aposentado Pedro de Morais, o livro “Lampião, o Mata Sete”,
até hoje continua sendo objeto de apreciação recursal, vez que um
juiz de primeiro grau impediu o seu lançamento.
Acatando
ação promovida por familiares de Lampião e Maria Bonita, o
livro “Lampião, o Mata Sete” foi proibido de ser
lançado. O magistrado de primeiro grau proibiu que o seu teor
chegasse ao conhecimento do público por ferir a honra, a imagem, a
dignidade, enfim, os direitos da personalidade de Virgulino Ferreira
da Silva, o Lampião.
E
tudo porque o livro proibido insinua e tenta provar que o Rei do
Cangaço era gay, homossexual. E também que o mesmo não podia gerar
filhos e que Maria Bonita o traía com um cangaceiro do próprio
bando. E este mesmo seria também o amante de Lampião. Luís Pedro,
eis o nome do cangaceiro. Enfim, a história estaria desandada e a
família Ferreira desfigurada.
Logicamente
que os cangaceirólogos, os pesquisadores do cangaço e grande parte
da população nordestina ficaram revoltados com as aleivosias
gratuitas, as calúnias e difamações levadas a efeito, sem qualquer
fundamento de verdade, contra um dos símbolos maiores da história
nordestina e brasileira. Ferir simplesmente por ferir a honra pessoal
e familiar daqueles dois, com único objetivo de atrair holofotes,
seria algo inaceitável diante da seriedade em que se assenta a
história do cangaço.
E
lembro como hoje o instante que um amigo de Archimedes chegava ao meu
escritório, em nome dele, para xerocar o livro proibido. O autor,
amigo do meu pai Alcino Alves Costa, dedicou-lhe o livro antes mesmo
de ocorrer a sanção judicial. E o livro estava comigo. E a partir
daquele instante Archimedes começou a traçar as linhas da resposta
que daria ao embusteiro e mentiroso sobre a vida do rei dos
cangaceiros.
Daí
ter nascido o “Lampião Contra o Mata Sete”, como confrontação
e contestação a tudo aquilo que levianamente fora exposto no
“Lampião, o Mata Sete”. E as respostas são apresentadas como se
fossem teses derrubando os argumentos apresentados no livro proibido.
Quer dizer, as presunções e suposições mentirosas dão lugar a
fatos com força de veracidade e fere de morte o invencionismo
maldoso e leviano.
E
tais teses, apresentadas em capítulos, são: A Origem do Mata Sete e
a resposta de Lampião; O porquê da luta de Lampião Contra o Mata
Sete; Uma “Malaca” nas orelhas do Mata Sete; Oleone como coiteiro
do Mata Sete; O Mata Sete insulta a História, ultrapassa direitos e
indigna muita gente; O Mata Sete contra a família Ferreira; O Mata
Sete e o “Menino Sapeca”; O Mata Sete e o “Lampião
Apaixonado”; O Mata Sete e o suposto “Lampião Eunuco”; O Mata
Sete contra os supostos “homossexuais” Virgulino E Zé Saturnino;
O Mata Sete apela ao cangaceiro Volta Seca: O Mata Sete e a
misteriosa Tese da Universidade de Sorbonne; O Mata Sete e os seus
“armados e amados” policiais volantes; O Mata Sete em proteção
às autoridades sergipanas; O Mata Sete e “as travessuras de Maria
do Capitão”; A guerreira Maria Bonita transforma paradigmas e
muda o cangaço construindo eterno amor por Lampião; O cabra-macho
Lampião se livrando da máscara do Mata Sete; As demais trapalhadas
do Mata Sete; Será o fim do mata Sete?
Noutra
oportunidade certamente faremos uma análise mais aprofundada sobre o
conteúdo e as teses apresentadas pelo delegado Archimedes,
autoridade da história que doravante pode se reconhecido como aquele
que desmascarou de vez a mentira e jogou-a nos porões do
esquecimento.
Poeta
e cronista
e-mail:
rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário