quinta-feira, 21 de junho de 2012

E o candidato de Eduardo a prefeito do Recife é…


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Marco Bahé
Prego batido e ponta virada. O governador Eduardo Campos anuncia nos próximos dias (quem sabe, hoje) o seu candidato a prefeito do Recife. Como todos sabemos, Eduardo exonerou quatro secretários no prazo limite de desincompatibilização para ter opções de jogo: Danilo Cabral (Educação), Geraldo Júlio (Planejamento), Sileno Guedes (Articulação) e Tadeu Alencar (Casa Civil). Eu aposto todas as minhas fichas em Geraldo Júlio (foto acima) e vou dizer por quê…
O governador, um dos políticos mais sagazes que se tem notícia, sabe que existe espaço político para um candidato seu. A pergunta é: haverá tempo para viabilizar um candidato pouco conhecido? Quando Lula optou por Dilma para sucedê-lo, anunciou seu nome um ano antes do pleito. Passou vários meses com a então ministra embaixo do braço viajando o país e colocou sob sua responsabilidade os maiores programas do governo federal. O ex-prefeito João Paulo fez o mesmo com seu ex-queridinho João da Costa, obtendo igual êxito. A diferença é que Lula soube escolher. João Paulo, pero no mucho.
Pelo calendário eleitoral deste ano, a campanha começa oficialmente dia 7 de julho. Mas a propaganda no rádio e TV só terá início em 21 de agosto, exatos 47 dias antes do pleito… um mês e meio. É muito pouco tempo.
Dos quatro nomes escalados por Eduardo, Danilo Cabral é o que tem melhor partida nas pesquisas internas de todos os partidos (fica entre 8 e 10 pontos percentuais). Afinal, é deputado já de dois mandatos. A experiência de Danilo na secretaria de educação teve seus bons êxitos, mas está longe de ser uma unanimidade entre os eleitores. Teria que explicar muita coisa. E, como eu disse, o tempo é curto.
Sileno Guedes já foi vereador e presidente do porto do Recife, mas construiu carreira mesmo como dirigente partidário. E isso, vamos combinar, não é suficiente para convencer eleitor. O mesmo acontece com Tadeu Alencar, cuja imagem passa muito carisma. Mas Tadeu é advogado de carreira, foi procurador-geral do Estado, é um bom articulador político… E só. Ambos precisariam de tempo para construir um personagem competitivo. E tempo, insisto, não há.
Já Geraldo Júlio tem sob seu comando as duas maiores pepitas da mina de ouro de Eduardo: o modelo de gestão muitíssimo bem avaliado (ganhará prêmio da ONU esta semana em Nova Iorque)  e Suape, verdadeiro altar da deusa da prosperidade no imaginário pernambucano. Você chegar na televisão e dizer que esse cara foi quem negociou a vinda de todas essas indústrias, que foi ele quem pariu esses milhares de empregos que todo mundo deseja… Tem apelo.
Com esses trunfos e com a adesão de quase todos partidos da frente popular (inclusive, o bloco de Armando Monteiro), Eduardo encara talvez o seu projeto mais ousado desde que saiu da condição de azarão a governador, em 2006. Espaço político há, como falei no início. O cacife de Eduardo e sua imensa aprovação é artilharia pesada nessa guerra. O projeto do PT no Recife já está desgastado pelo tempo e por duas gestões desastrosas: a segunda de João Paulo e a primeira (queira Deus, a última)  de João da Costa. Sua luta será contra o relógio.
PT e Oposição
Não se pode dizer que o petista Humberto Costa está perdido. Humberto tem partida muito boa (algo em torno dos 45%). O isolamento político que Eduardo está lhe impondo, porém, pode ser fatal. A meta do governador é deixar o PT sozinho. Humberto está agora, quem diria, refém do apoio de João da Costa. Sem a máquina da prefeitura, suas chances de vitória ficam reduzidíssimas.
João da Costa flerta tanto com Humberto quanto com Eduardo. Tanto pode apoiar oficialmente seu correligionário, como pode boicotá-lo e trabalhar por baixo dos panos para o PSB. O prefeito busca algo para ressuscitar seu cadáver político. Pode ser uma secretaria estadual, pelas mãos de Eduardo, ou um cargo federal, via José Dirceu – o articulador da candidatura de Humberto (essa história eu conto direitinho outro dia).
O problema é que a entrega, obviamente, será depois da eleição. E de quem você compraria um carro usado para receber daqui a seis meses??? De Zé Dirceu ou de Dudu???
A oposição está mais baratinada do que já estava antes. Na minha opinião, a jogada de Eduardo muda tudo também do lado de lá. A oposição precisa agora se reaglutinar. Com dois candidatos fortes no campo da situação, o segundo turno está garantido. A melhor estratégia da oposição nesse novo cenário seria lançar um candidato só, com o apoio de todos os outros. A chapa mais competitiva, na minha opinião, seria Raul Henry + Daniel Coelho. O problema é convencer Mendoncinha…
Maquiavel no chinelo
O fato é que o governador de Pernambuco mostra mais uma vez que está muito à frente dos políticos de sua geração. Se Eduardo tivesse vivido no século XVI, provavelmente, a grande obra de Maquiavel seria hoje conhecida como “O Pequeno Príncipe”, leitura de misses e, não, de políticos.

E o candidato de Eduardo a prefeito do Recife é…


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