segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sobe 13,7% o índice de medo da população

 
O Índice de Medo da População de Fortaleza cresceu 13,7% em março, em relação a dezembro de 2011. De 117, o número passou para 134. Os especialistas apontam que o crescimento tem relação com a greve dos policiais militares
Como quase todo mundo que vive em Fortaleza tem uma história de sufoco para contar, Patrícia Almeida também aumenta a lista: a estudante, moradora do bairro Mondubim, foi assaltada quando chegava em casa no início da noite. “Era um rapaz de bicicleta, ele estava armado. Levou meu celular. Por causa dele, agora tenho trauma de pessoas de bicicleta”, endossa. Com a experiência, ela aprendeu a lição. Aparelhos celulares somente dos mais baratos.

A sensação de insegurança vivida pela jovem é compartilhada pela maioria dos moradores de Fortaleza. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Sindicato das Empresas do Setor de Habitação (Secovi) mostrou que o sentimento de insegurança subiu 13,7% em três meses. Em dezembro do ano passado, o índice chegou a 117,3 pontos. Em março deste ano, o número foi de 131.

A pesquisa questionou 900 moradores de Fortaleza, com amostragens em todas as classes sociais. As pessoas tiveram que assinalar um questionário com 14 questões sobre a sensação de segurança. Pontuações foram atribuídas a cada resposta e o estudo realizou divisões numa escala de zero a 200. Até 50, a percepção de insegurança é muito pequena. De 51 a 100, é pequena. De 101 a 150, é classificada como grande e, de 151 a 200, como muito grande. O questionário é aplicado a cada três meses desde o início do ano passado e é divulgada pelo Secovi com o objetivo de balizar as iniciativas de segurança pública na Capital.

Na verdade, conforme atesta o consultor econômico do Secovi, Paulo Künh, os números de dezembro é que ficaram abaixo do que vinha sendo apontado no estudo. Em setembro do ano passado, por exemplo, o índice de medo atingiu 134,4. Considerando a margem de erro, de 3,27%, os resultados foram empatados. “No fim do ano, temos um período festivo, as pessoas acabam ficando mais descontraídas, renovam as esperanças, temos diversas confraternizações. Acredito que isso explica a diminuição do sentimento de insegurança”, pontua o consultor.

Ainda assim, outro fator pode ter motivado o crescimento. Foi o dia 3 de janeiro, em que a cidade parou por conta da greve dos policiais militares. Roubos e centenas de boatos de arrastões deixaram as ruas de Fortaleza praticamente vazias. Pontos comerciais, restaurantes e shoppings estiveram fechados.
 
Homens X mulheres

A pesquisa mostrou que mulheres (137,5 pontos) apresentam uma sensação de insegurança maior que homens (123,4 pontos). Além disso, os números mostram que, quanto maior a idade, maior o medo das pessoas. As percepções de risco de ocorrência de diversos tipos de crimes, por exemplo, foi de 136,2 pontos na idade entre 18 e 24 anos. Em pessoas com 35 anos ou mais, o risco foi de 144,3 pontos.

A explicação, para Künh, é a quantidade de experiências negativas que as pessoas vão acumulando. “As experiências de perda que as pessoas tiveram fazem com que elas tenham mais medo e se resguardem mais”.

O estudo é realizado pelo Secovi com o objetivo de entender porque algumas áreas da cidade, com potencial para crescimento do mercado imobiliário, acabaram retraindo a procura. Os locais não foram apontados pelo sindicato. O principal objetivo é indicar ações que precisam ser realizadas para a segurança pública. “Acredito que a segurança é uma obrigação dos governos e um direito público. Ela precisa ser exercida e ninguém está exercendo a contento em Fortaleza”, opina o consultor. 

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A pesquisa começou a ser feita 11 meses antes da divulgação. Realizada a cada três meses, somente no quarto Índice de Medo da População, o Secovi decidiu noticiar. O objetivo é estimular políticas públicas para combater a sensação de insegurança.
Fonte: O Povo

Nenhum comentário: