segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Que coisa triste!


Que coisa triste!
Sinceramente, há coisa mais ridícula e infame do que uma guerra?
Pois é. O que não falta no nosso cotidiano são guerras tomando conta da gente.
A geração de pais e avós como eu anda inteiramente pressurizada à tecnologia da informação como mal maior.
Dá infarto, stress, transtornos psíquicos, enfim, vivemos em médicos, UTIs, clínicas de doidos, só esperando que nem boi a morte chegar.
 Quando o século das guerras havia passado, começamos outro acompanhando outras.
 São guerras de lado. Já não podemos mais sonhar com as nossas guerras de botões de meninos, com as sadias conseqüências de uma juventude sem medo, dançando em festinhas caseiras ou nas nostálgicas aventuras em penumbras de alcovas nodoadas das pensões de nocas e dondocas.
Dormíamos em berços grandes sem parapeitos, ninados pela segurança de uma sociedade tranqüila e acostumada à educação dada e bem recebida – muitas vezes sob rédeas ásperas pelas boas maneiras e o respeito sem o limite do trauma.
 Somos de uma geração, senão raros senões de rebeldia, vitoriosa. Transmitimos essas experiências para nossos filhos.
Mas a paz não faz parte da vida atual. A guerra das drogas, intoxicando meninos, adolescentes e maduros mancebos – seqüenciada da luta indômita pela união dos filhos sem ela.
Uma violência a ceifar jovens – a guerra nas ruas.
A falta de empregos para os moços com canudos acenados.
A escassez de afeto de muitos pais e pais que vivem com a reserva do alheamento egocêntrico – não sabem aonde os filhos vão, estão ou com quem andam.
 Guerras de famílias – filhos matando pai e mãe, até com grosserias e descaso, separações desastrosas ruindo conceitos de antigas boas lições.
 A elitização dos preconceitos encabulando o amor.
 Guerra no sexo – tudo pode.
As jovens taludas ficando com qualquer um em todo canto chique A ou em baladas de axés, raps e bailes funks trash, desmistificando eras de paixões benditas e amores luminosos – a beleza do corpo, o mistério do primeiro beijo ou do buquê de rosas com cartão carinhoso, o perdão e o choro do ciúme apenas nervoso.
 A guerra do trânsito – pegas idiotas munidos a bebidas cruéis.
 A pressa que aniquila o verso – o caminho errado escolhido.
Curta vida, longa e descabida morte.
A guerra da fome – migalhas espalhadas pelos confins africanos e nordeste brasileiro.
Guerra das crianças – jogadas à própria sorte e aos governos, sem tetos e cheias de ruas para sossegarem entre fantasias nunca realizadas.
Que geração é esta de fracassados, criada pela incessante maldade do homem?
É a guerra dos políticos pelo poder, dinheiro, corrupção, como nunca antes neste País.
Guerreia-se por tudo, meu Deus! Religião, raça e terras.
Todo mundo quer ser herói – vilão.
Todo mundo quer ser Deus – demônio.
É a guerra dos mundos.
A guerra da paz. Guerra e Paz.
Guerra de nada por nada – do medo, da coragem, do desconsolo, da resignação.
Guerra de potências – de fracos, de espírito e mente.
Alguns gritam que não – estão roucos. Outros berram que sim – estão surdos. Que coisa triste!...
Rivaldo Paiva é escritor – E-mail: paiva.rivaldo@hotmail.com

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