quinta-feira, 11 de agosto de 2011

OPINIÃO - TEATROS PÚBLICOS: TODOS CONTRIBUEM, MAS POUCOS USUFRUEM


OPINIÃO - TEATROS PÚBLICOS: TODOS CONTRIBUEM, MAS POUCOS USUFRUEM


O título acima pode até ter rima, mas não tem nenhuma poesia. É sim acintoso. O fato não é novo, porém não entendo como se aceita com naturalidade.
Quando da construção do Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e nele um teatro, comemorei. Aliás, como muitas outras pessoas. Afinal era um teatro construído com recursos públicos, dentro de uma universidade pública, então teríamos arte de qualidade (teatro, música, dança) com preços acessíveis para maioria, pensamos.
É verdade que artistas os quais merecem nossos aplausos têm se apresentado por lá, mas os preços são altamente excludentes para a maioria (e aqui tomo como referência o salário mínimo). No final de semana passado (05 e 06/de agosto), por exemplo, a encenação da peça As Centenárias, com Marieta Severo e Andréa Beltrão, custava: platéia: R$ 100 e R$ 50; balcão R$ 80 e R$ 40.  Volto a repetir: num teatro público, dentro de uma universidade pública, ou seja, tudo mantido com nosso dinheiro!
Era para fazer renda ou promover acesso à arte, como reza a Constituição Federal? Se fosse para fazer renda não precisava ter investido dinheiro público. Investiríamos o dinheiro gasto para construir o teatro em segurança, saúde, educação, transporte e deixaríamos o teatro caro para a iniciativa privada.
Em outros teatros públicos do Recife o fato se repete. Já vi até apresentação de cantores renomados, como Maria Betânia e Caetano Veloso, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura e ainda tinha um ingresso de valor elevado. Como se diz por aqui: “Tá com a moléstia!”. Recursos públicos de todos os lados e ainda é para poucos?!  
            Entretanto, projetos relevantes, que promovem o acesso à arte e curiosamente partem da iniciativa privada, não têm continuidade por falta de apoio governamental.
Ainda estudante da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE fui muitas vezes com meus colegas assisti a marcantes apresentações de grandes artistas nas edições do Projeto Seis e Meia, que acontecia no Teatro do Parque. Mesmo estudantes-trabalhadores e de poucos recursos podíamos ir ao teatro. O teatro do Parque está praticamente fechado. E duvido muito que um estudante nas mesmas condições financeiras que as minhas e de muitos colegas naqueles anos 90 possam assistir no teatro da UFPE um espetáculo pelo valor que mencionei,
Mauricio Gomes

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