sábado, 12 de fevereiro de 2011

A hora e a vez da polícia

Ronilson de Souza Luiz
Um ditado africano diz que não existe problema sem solução; que não há solução
sem defeitos e que não há defeitos que não possam ser corrigidos. No dia em que os chefes do
executivo federal e dos estaduais tomaram posse e discursaram, o mundo celebrava a
confraternização universal.
Como policial e professor meu desejo faz coro aos milhões que torcem para que
eles comecem bem.
A meu ver, o tema da segurança forma, com a educação e a saúde, o tripé decisivo
para o êxito e a sustentabilidade dos governantes.
Principiar bem nas políticas públicas será olhar para as forças de segurança. O
fato de as questões de segurança pública serem tratadas como assunto de Estado, e não de
governo, é um avanço relevante.
Sabemos que já estão olhando. Agora é chegada a hora de escutar, de conhecer
melhor, de investir mais, de acreditar e, o mais difícil de tudo - de saber que o modelo pode ser
diferente. Urge que seja.
Confraternização significa estar com os fraternos. Contudo, se o arrefecimento
de valores fundamentais como o respeito à lei, à disciplina e à autoridade, guiar os jovens,
teremos o indesejável – mais presídios em detrimento de escolas.
O calor das discussões sobre a segurança, por conta do filme Tropa de Elite 02 e
pelos acontecimentos no Rio de Janeiro em 2010, não devem sair da agenda.
Não poderemos negligenciar esse dever, como traz o artigo 144 da
Constituição: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. São
as forças de segurança que administram emergências, calamidades e insurgências de toda
ordem, enfim, cabe a elas dar pronta-resposta.
Para haver excelência na segurança, ou seja, prestar o melhor atendimento com o
menor custo material e humano, deve-se investir na formação de quadros.
No caso de São Paulo, nossos procedimentos e ações internas levaram a
consecução de matriz organizacional que busca menos mortes, menos lesões, menos
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sofrimentos, menos dor; para isso nos valemos de vigorosos treinamentos e de gestão por
resultados.
Maior reflexão, melhor planejamento, melhor formação e melhores resultados
estão ocorrendo pelas escolhas acertadas e pela replicabilidade das boas práticas policiais, que
têm realimentado todo o sistema, entrando em um círculo virtuoso de resultados favoráveis,
como comprovam as recentes estatísticas sobre homicídios.
Hoje, a grande ênfase passa a ser dada ao perfil do novo policial, que deve ter
excelente relacionamento interpessoal e capacidade de mediação de conflitos.
O ganho que se tem nas crises é a possibilidade de mudar de patamar. Se
aprendermos a lição, poderemos lecionar; caso contrário, vamos lesionar.
Na prática, precisamos deixar claro para todos que eficiência policial e respeito
aos direitos humanos são mais do que meramente compatíveis entre si: são mutuamente
necessários, indissociáveis.
Sabemos que as ações de polícia, na ponta da linha, é que indicam o verdadeiro
termômetro de nossa democracia.

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