03/12/2010
Isso é retrato de uma política de segurança arcaica que não visa o bem estar do cidadão, que não tem a sociedade como sua clientela final. Um sistema de segurança altamente 'político' e 'apadrinhado'.
Se isso não mudar, sinto em crer que a próxima pesquisa revelerá que 3 em cada 4 pessoas não confiam nas polícias civil e militar.
Ainda há tempo para mudar. Uma polícia única e de 'carreira única' seria a melhor solução. Todo mundo sabe, mas existe um corporativismo danoso de algumas carreiras policiais civis e militares que impedem que a segurança pública dê um salto para a modernidade a fim de atender seu principal cliente: o cidadão brasileiro.
Tânia - escripol em SP
IPEA
Um em cada 4 brasileiros não confia nas polícias civil e militar »
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que aproximadamente um quarto dos brasileiros não confiam nas polícias militar ou civil.
De acordo com a pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), 27,7% dos entrevistados dizem não confiar na Polícia Militar (PM), enquanto 43% confiam pouco, 25,1% confiam e 4,2% confiam muito.
Quanto à Polícia Civil, 25,9% dos entrevistados dizem não confiar; 44% afirmam que confiam pouco; 26,1% dizem apenas confiar; e 4% afirmam que confiam muito.
A pesquisa indica ainda que 13% dos entrevistados confiam muito na Polícia Federal (PF), enquanto 35,9% apenas confiam, 33,6% confiam pouco e 17,5% não confiam.
Nas cidades que contam com Guarda Municipal, 4,4% dos entrevistados confiam muito na instituição; 25% apenas confiam; 38,7% confiam pouco; e 31,9% não confiam.
A margem de erro da pesquisa é de 1,86 ponto percentual.
Segundo o Ipea, as respostas variam consideravelmente quando se leva em conta as faixas etárias dos entrevistados. O estudo aponta, por exemplo, que a percentagem dos que não confiam nas instituições policiais diminui com a idade.
Dizem não confiar na Polícia Militar 34,4% dos jovens entre 18 e 24 anos; 31,2% das pessoas entre 25 e 34 anos; 29,1% dos que têm entre 35 e 44 anos; 24,3% dos que têm entre 45 e 54 anos; e 19,7% dos que têm 55 anos ou mais.
Quanto a sexo, cor, escolaridade, renda e região pesquisada, o Ipea diz ter ocorrido pouca variação entre as percentagens de confiança nas instituições policiais.
Desrespeito
O estudo também aponta que praticamente dois terços dos entrevistados (66,5%) definem como desrespeitoso o tratamento dispensado pelos policiais em suas abordagens. Já 63,2% dizem que a polícia não observa os direitos dos cidadãos.
A polícia é preconceituosa para quase dois terços dos entrevistados (65,3%), e 55,8% das pessoas definem as instituições policiais como incompetentes em seu desempenho geral.
Entre as pessoas que fizeram chamados à polícia, 43,5% responderam que o atendimento prestado foi bom ou ótimo, enquanto 29,5% o consideraram regular e 27,1% disseram que o serviço foi ruim ou péssimo.
Quanto a abusos, 10,8% dos entrevistados afirmam ter sido ofendidos verbalmente ao ter contato com a polícia, enquanto 5,8% dizem ter sofrido algum tipo de ameaça, 3,4% alegam ter sido agredidos fisicamente e 4,1% dizem ter sido vítimas de extorsão.
Sensação de medo
A pesquisa do Ipea também apurou a sensação de medo dos brasileiros. A grande maioria dos entrevistados (90,4%) disse ter muito ou pouco medo de ser assassinado.
O mesmo ocorre em relação ao assalto a mão armada: 90,4% dos entrevistados têm algum tipo de medo de sofrer este tipo de crime.
Entre os entrevistados, 88,6% têm algum tipo de medo de arrombamentos e 69,9%, de agressão física.
Com relação a estes dados, as mulheres têm mais medo que os homens, segundo o Ipea: 85,5% delas têm muito medo de assassinato, contra 71,1% dos homens; 82,1% têm muito medo de assalto a mão armada, contra 63,9% do sexo masculino; 77,5% das mulheres têm muito medo de ter a casa arrombada, contra 58,5% dos homens; e 59,2% das mulheres têm muito medo de sofrer agressão física, contra 36,5%. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Fonte: Estado de S. Paulo
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