domingo, 4 de julho de 2010

O Governo do Estado através do recente projeto de Lei nº 1.516/2010 finge reajustar os vencimentos dos policiais civis


Carta Aberta de um Escrivão Aposentado


  AO GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO

AUTOR:
David Pessoa de Barros.
                        Recife/PE, 01 de Julho de 2010.
Senhor Governador:

PRIMEIRO:
O senhor através do recente projeto de Lei nº 1.516/2010 finge reajustar os vencimentos dos policiais civis e, ao mesmo tempo deletandovários direitos, inclusive direitos já adquiridos, como qüinqüênios, curso de Polícia de 360 horas, gratificações e tantos outros valores merecidos da nossa honrada classe Policial Civil. Nas véspera de um pleito eleitoral. Muita coragem!... Por isto lhe parabenizo.

SEGUNDO:
O senhor, Governador, com sua coragem de homem do sertão, destruiu toda a hierarquia que regia a Polícia Civil de Pernambuco, quando equiparou salários e vencimentos. Um Comissário Especial de Polícia ou um Escrivão Especial de Polícia percebendo vencimento idêntico a um Policial principiante, a um Agente ‘cabelouro’ que pela frente tem uma estrada longa a percorrer na caminhada da aplicação da Lei. Muitos nem chegam ao final da estrada porque tombam sem vida no cumprimento de sua missão específica.

TERCEIRO:
Sinceramente, Governador, eu não sei se o senhor está sendo mal assessorado ou se foi vontade pessoal de prejudicar uma categoria que vem se destacando diante da sociedade pelos bons serviços prestados a população ou se foi a pretensão mesquinha de executar uma revanche pelo que aconteceu em Abril de 1964, envolvendo o ex-Governador, o seu avô, o doutor Miguel Arraes de Alencar (in memoriam).

                        QUARTO:
Saiba o senhor Governador, que este que vos escreve ingressou na Polícia Civil de Pernambuco em princípio de 1963, na qualidade de Guarda Civil.  A Revolução de 31 de março de 1964 não aconteceu por culpa ou por covardia dos integrantes da Secretaria da Segurança Pública (SSP/PE), que na verdade eram chefiados pelos Delegados de Polícia e todos eles nomeados pelo Governador de então. Eram esses Delegados os cabeças de todos os Investigadores de Polícia, Comissários, Escrivães e de toda a Guarda Civil.  Na verdade, quando estourou a Revolução de 1964, 80% (oitenta por cento) daqueles Delegados de Polícia foram presos pelo Exército e outros fugiram, talvez ainda estejam em algum canto do Brasil ou do exterior correndo com medo de serem presos.  Muitos Comissários também foram afastados de suas funções e tudo passou a ser cumprido por ordem expressa do IV EXÉRCITO, hoje Comando do Nordeste.

            QUINTO:
Semelhantemente, a Polícia Militar de Pernambuco, também imobilizada, por ter o seu Comandante Geral preso e quem achasse ruim era preso também.

                        SEXTO:
Quando o Governador Miguel Arraes de Alencar foi preso, todos os Policiais Civis se admiraram muito com a coragem e postura do Governador por não assinar a renúncia do Comando Político do Estado. Preferiu ser preso de que renunciar. Mas, recheada à essa coragem, estava também, penso eu, a confiança que ele, governador depositava no General Justino Alves, Comandante do IV Exército, pois, o qual quase todas as semanas estava dentro do Palácio almoçando com o Governador.

SÉTIMO:
Voltando ao assunto principal desta carta, quero dizer ao senhor Governador de Pernambuco, que até o PCCV (Plano de Cargo, Carreira e Vencimento) foi destruído também por Vossa Excelência. - A palavra cargo quer dizer: função; carreira é a graduação por hierarquia, quer seja por merecimento, por curso ou por tempo de serviços prestado à sociedade que o policial recebe e finalmente o vencimento. O senhor, Governador, de uma só canetada destruiu todos esses valores. O senhor acabou também com o entusiasmo que existe na alma de cada servidor policial, que é aquele de lutar até a morte em defesa da população e isto sempre foi palco de reconhecimento das mais altas autoridades do Estado e de todo o Brasil.

OITAVO:
Se o senhor, Governador, não gosta da Polícia Civil, pelo menos que demonstrasse respeito pela população pernambucana, pela população que governa. Todos sabem que o empregador quando paga mal ou se nega a fornecer direitos de seus empregados ou retira qualquer tipo de vantagem, as coisas então se modificam. Numa sociedade política quem mais sofre é justamente a população.  E isto não é somente em termos dePolícia Civil, mas, também, falando nas demais categorias. Uma Professora ou um Professor percebendo salários de miséria não vai desempenhar seu ofício com tanto amor como deveria. Um médico ou uma enfermeira ganhando salário que deveria ser ganho por um gari?... Pense melhor Governador. Pense no povo que o senhor governa, pense, finalmente, naqueles que trabalham para elevar o seu nome diante de toda nação brasileira.

NONO:
Não é porque Vossa Excelência hoje conta com o aval de vários Sindicatos e de várias Associações de Classes que queira pensar em abandonar o povo pernambucano e aqueles que são seus funcionários públicos.

DÉCIMO:
Eu estou escrevendo esta carta, simplesmente por não ver nem poder contar com um Sindicato forte e corajoso, audacioso; um Sindicato que deveria ter seu emprego voltado para aqueles que ele representa. Um Sindicato independente de Política Partidária, mas de uma política associativa. Se assim fosse, com certeza eu não estaria fazendo aqui esse desabafo. Numa Sociedade Politicamente Organizada, a arma e a força de um povo ou de uma categoria é a GREVE.  Mas uma greve corajosa, com o pensamento voltado para a vitória e nunca pensar em derrotas. E não fazer uma greve monopolizada por Deputado amigo do Governador.

DÉCIMO-PRIMEIRO:
Falam os mais antigos que cada povo tem o governo que merece. Se dentro da estrutura Policia Civil não tem homens capazes de dirigir uma categoria, então que se acostumem ao sofrimento.

DÉCIMO-SEGUNDO:
Gostaria de ver o Governador do Estado ter a coragem de fazer ou de proceder semelhantemente com a Polícia Militar: Fazer, por exemplo, um oficialperceber vencimento idêntico a de um soldado PM !

Policiais Civis: Que estas palavras sirvam de alerta para toda a categoria. Não somente para os Escrivães de Polícia, mas, para os Agentes, Comissários e demais seguimento da nossa estrutura Policia Civil, efinalmente, a mais necessitada, a dos Aposentados.Mais necessitada é porque tudo para o homem  aposentado é mais caro e mais difícil. Um plano de saúde para um policial jovem, é no máximo noventa reais ( R$ 90,00 ),  um plano de saúde para um policial aposentado, que tenha de 60 anos em diante é de quinhentos reais até mil reais ( de R$ 500,00 até 1.000,00 ). Os remédios para um homem aposentado são caríssimos, daí a frase, os mais necessitados

Obrigado para quem esteja lendo esta carta.   
             
Peço, todavia, a gentileza, de se transmitir através de panfletos ou de outros meios de divulgação para que todos leiam e tenham conhecimento do que está acontecendo dentro da nossa Polícia Civil de Pernambuco.

Vocês acabaram de receber os seus vencimentos referentes ao mês de Junho/2010.

Presidente do SINPOL-PE nessa última Assembléia que realizou com todos os aposentados, em companhia do Deputado Sérgio Leite (PT/PE), que também é um dos responsáveis por esse salário de miséria que foi pago aos Policiais civis, teve a coragem de afirmar em alta voz, através de microfone, que os nossos vencimentos, eram vencimentos de Generais.

Quem compareceu à reunião com certeza jamais esquecerá.

                        Obrigado,

                        DAVID PESSÔA DE BARROS
                        Escrivão Especial de Polícia.
                       APOSENTADO.

MEU BLOG:
http://davidpessoadebarros.blogspot.com                        

MEU E-MAIL:

MEU TELEFONE:
(81) 3441.4256 ou  (81) 9957.6058.

Nenhum comentário: