sábado, 7 de novembro de 2009

Governo cortará ponto dos policiais civis grevistas

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Servilho Paiva (vídeo acima), informou que os policias civis que continuarem em greve terão o ponto cortado pelo Estado, e que o sindicato da categoria (Sinpol) poderá receber multa diária de R$30 mil. A decisão começa a valer a partir de hoje. O secretário disse que a punição poderá vir acompanhada de descontos na folha de pagamento.
Essa parece ser a única estratégia cansada do governo Eduardo Campos quando o assunto é paralisação. Um juiz determina a ilegalidade da greve, e o governo imputa-lhe aplicação de multa e corte do ponto como forma de intimidar e desmobilizar as reivindicações dos servidores. Pra quem não lembra, foi assim também com a greve dos professores.
Isso demonstra uma total falta de tato para o governo lidar com esse tipo de problema. Há cerca de um ano que os motoristas do IML, por exemplo, reclamam melhores condições de trabalho e salários e a história se arrasta pelas ruas dos meses como um cadáver putrefato amarrado na traseira de uma viatura. O público (cidadão) assiste esse corpo decrépito sendo dilacerado aos poucos, um órgão caindo em cada esquina, cada curva, enquanto a viatura segue rumo a sabe-se lá aonde…
Esta semana eu precisei dos serviços da Polícia Civil. Foi um serviço burocrático (desses acumulados pela SDS), nada de ocorrência policial. Os policias tinham entrado em greve na noite anterior. Fiquei chateado, reclamei porque minhas necessidades civis não foram supridas na hora. Mas alguns minutos depois, parei um pouco pra pensar e percebi que as necessidades maiores não eram minhas, mas da categoria que há tempos se lasca com condições precárias de trabalho, e quando resolve fazer uma greve, o governo do Estado tasca-lhes logo uma pecha de ilegalidade jurídica, ameaçando o corte do ponto.
Depois de pensar sobre isso, passei a apoiar essa greve dos policiais, mesmo precisando de um serviço deles com certa urgência. Espero quanto tempo for preciso. Arrumei uma declaração meia-boca e vou me virando com ela. Se espero melhores serviços das instituições, espero também melhores condições de trabalho para seus servidores.
Mais uma vez o governo Eduardo Campos mostra que em matéria de greve, o modus operandis passa longe de qualquer diálogo, lançando mão do mesmo expediente jurídico para intimidar os grevistas.
O comentário do leitor Giancarlo Câmara, no post de ontem, aqui no blog, diz muito (e de forma bastante clara) sobre as condições da Polícia Civil do Estado de Pernambuco:
“Complementando, hoje a PCPE é uma instituição sucateada, pois nem seu planejamento financeiro é feito por integrantes dos seus quadros, atualmente é feita por policiais federais indicados pelo secretário da SDS e oficiais da PMPE. Enquanto a mídia deu vários minutos para um delegado com cargo de chefia, que aparentemente pegou um elevador neste governo, pois subiu de forma rápida na carreira, não escuta sequer um minuto os que realmente fazem a PCPE, os que hoje trabalham em condições vexatórias e vê melhor equipada até a P2 da PMPE – exceção apenas ao GOE, pois este setor está voltado aos crimes que envolvem como vítimas, repito, como vítimas, os membros das classes abastadas.”
Os polícias estão de greve desde a meia-noite do dia 3. Às 19h de hoje acontecerá uma assembleia geral da categoria, na sede do Sinpol.

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